Empresas de telecomunicações vão liderar a demanda por autogeração de energia elétrica
Empresas como Vivo, Claro e Oi devem impor um crescimento exponencial à produção de energia de geração distribuída para consumo próprio nos próximos anos.
Cerca de 32,2 mil unidades consumidoras de energia (UCs) são atendidas por meio de geração distribuída, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com a contratação de duas fazendas de geração de energia solar pela Oi, 3 mil novas UCs devem ser adicionadas à lista ainda neste ano. Segundo depoimento do diretor de Patrimônio e Logística da Oi, Marco Antônio Vilela, esse número deve ser cerca de dez vezes maior até 2022.
A empresa vem procurando parcerias com projetos eólicos e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) no Nordeste e Sudeste, além de ter um pequeno investimento em biogás. A estrutura atual, localizada em Minas Gerais, poderá gerar 1,7 GWh/mês, o suficiente para suprir o consumo mensal de 10 mil residências.
A aposta em geração distribuída faz parte da estratégia que também envolve ações de eficiência e compra de energia no mercado livre. Vilela disse que a Oi gasta cerca de R$ 1,1 bilhão anualmente. Com os novos projetos, o montante deve cair para R$ 750 milhões. Hoje, as 63 mil UCs da Oi consomem 1,6 mil GWh em um ano.
A meta é que 42,5% da energia consumida pela Oi seja oriunda de fontes limpas em 2019. O cálculo considera a soma entre o montante comprado no mercado livre (atuais 22,4%) e a capacidade das fazendas próprias.
A Claro Brasil, dona das marcas Claro, Net e Embratel, tem um plano ainda mais ambicioso: fazer com que 80% de suas 55 mil UCs sejam atendidas por geração distribuída até o fim do ano. Até lá, a empresa espera contar com 45 usinas.
O projeto agressivo apresentado pelo diretor de Suporte Financeiro ao Negócio da Claro Brasil, João Pedro Correia Neves, deve conectar mais UCs à geração distribuída do que o montante atendido no País atualmente. Segundo Neves, das cerca de 32 mil UCs reportadas pela Aneel, “em torno de 5 mil” pertencem à Claro.
A estratégia do grupo considera quatro parques eólicos e 20 solares. Cada uma dessas fazendas solares teria capacidade de atender uma cidade de 250 mil casas e três delas entraram em operação em Minas Gerais ano passado. As demais já têm terreno e parceiros contratados, segundo Neves.
A empresa inaugurou, no fim de janeiro, a primeira central geradora hidroelétrica (CGH) localizada na região Centro-Oeste. A Claro Brasil ainda planeja três usinas de cogeração qualificada e seis baseadas no uso do biogás.
A Vivo, que é o maior grupo de telecomunicações do País, está prospectando iniciativas de geração distribuída. Atualmente, 26% da energia consumida pela companhia é limpa e oriunda do mercado livre; a meta é atingir 60% até 2020.
Além do setor de telecomunicações, a energia distribuída vem despontando como uma tendência em outros setores industriais. A Honda inaugurou um parque eólico na cidade de Xangri-lá (RS) para suprir a demanda energética da empresa em território nacional.